Assistir O Agente Secreto no São Luiz, o templo da sétima arte recifense, é uma experiência carregada de magia. Não é qualquer sala, é um espaço que parece guardar ecos de tantas histórias vistas e vividas ali, como se o próprio prédio fosse cúmplice do cinema de Kleber Mendonça Filho. Ver o filme nesse lugar ampliou a sensação de atravessar a cortina do tempo, de um mergulhar na década de 70 rec
O cinema brasileiro recente parece cada vez mais interessado em rastrear silêncios, fissuras e deslocamentos, em vez de oferecer respostas ou narrativas fechadas. Nesse terreno, Suçuarana , de Clarissa Campolina e Sérgio Borges, e Dormir de Olhos Abertos , de Nele Wohlatz, se encontram como filmes que lidam com a sensação de estrangeirismo, seja diante da própria terra, seja diante da terra do out
Sempre me incomodou o fato de que, em filmes apocalípticos ou pós-apocalípticos, a raça hegemônica salva ou sobrevivente é quase sempre a branca. Não há espaço para corpos não brancos nesses cenários. Parece que o fim do mundo, mesmo no campo da ficção, ainda preserva a velha ideia de quem merece viver e quem pode ser descartado. Me peguei pensando nisso depois de rever Extermínio 3: A Evolução ,
Assistir a uma obra de Mike Flanagan adaptando Stephen King já virou uma experiência curiosa pra mim. Não vou só pelo terror, pelo susto ou pela atmosfera sombria que o autor costuma carregar em seus trabalhos, vou também porque sei que Flanagan, mais do que qualquer outro diretor recente, parece entender que King é também um cronista da vida comum, dos dramas pequenos e das emoções mais banais, o
O cinema de terror australiano tem uma estranha habilidade de transformar o invisível em presença sufocante. Filmes como Lake Mungo (2008), por exemplo, provaram isso ao lidar com o luto de forma quase documental, arrancando o medo não de monstros externos, mas do abismo interno que se abre quando alguém querido se vai. Há sempre um peso de ausência, uma solidão que se estende pelas paisagens e p
Em muitas ficções científicas, o etarismo aparece travestido de avanço civilizatório. É a velha fórmula de imaginar sociedades futuras que precisam decidir compulsoriamente o destino dos mais velhos: aposentadorias forçadas, mortes programadas, isolamentos disfarçados de benevolência. Há sempre um raciocínio prático, uma lógica de eficiência, como se a velhice fosse um fardo coletivo a ser resolvi
Ontem, quinta-feira, segundo dia da Mostra de Cinema Árabe Feminino , a programação ofereceu uma sessão que estava bem curiosa. Dessas que não se repetem com facilidade e que, justamente por isso, deixam a gente pensando por algumas horas. Um dos fatores que mais me chamou atenção para esse dia foi o fato de passarem um filme da década de 70, período pelo qual, vocês já devem desconfiar, tenho cad