A sessão de ontem no Cine PE foi mais que uma vitrine de experimentos estéticos, foi, sobretudo, uma provocação. Ao reunir obras que operam no campo da ficção científica, do horror e do psicológico, a curadoria abriu espaço para uma pergunta incômoda e urgente: o que acontece quando corpos historicamente excluídos dos centros da narrativa, corpos racializados, queer, maternos, periféricos, passam
Há algo em comum entre festas populares, memórias familiares e corpos deslocados: todos carregam dentro de si um ruído do que já passou, mas ainda ressoa. Escrevo hoje esse texto falando sobre o segundo e o terceiro dia do Cine PE , dois dias que me parecem querer percorrer esse campo sensível onde o passado, o presente e o simbólico se encontram. É como se cada filme fosse um pequeno altar, ora c
Bem-vindo ao prédio onde tudo apodrece em silêncio. Nos olhos de Gilda Nomacce mora o terror brasileiro. Desde aquele com sustos mais comuns, passando pelo que se arrasta silencioso pelas paredes da alma, e culminando com aquele que espreita entre as frestas da rotina esperando a hora certa para se fazer presença. Gilda tem esse poder: não apenas atua, mas assombra. Seja como mãe perturbada, viden
FOTO: ACERVO PESSOAL A noite de abertura da 29ª edição do Cine PE, tradicional festival de cinema de Pernambuco, foi marcada por uma combinação de entusiasmo, atrasos e discursos. Em um clima de reencontro entre cineastas, público e representantes do setor audiovisual, a cerimônia contou com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, que lançou oficialmente o Arranjos Regionais, edital
Bailarina é o primeiro spin-off do universo John Wick, e se você, assim como eu não estava dando muita coisa para o filme, dê, viu?! Pois ele chega com o dedo firme no gatilho e o pé cravado no acelerador. A história se passa entre os capítulos 3 e 4 da franquia principal, ou seja, em um momento de transição, quando John está sendo caçado por todos os lados e o mundo dos assassinos parece prestes
Às vezes a gente se pega pensando em quando exatamente uma vida se torna inviável e, não me refiro a diagnósticos clínicos. É sobre o peso de continuar, sobre decisões tomadas no meio de silêncios ou de gritos abafados por paredes finas, sobre o que significa, de fato, poder escolher. E se escolher nunca for uma possibilidade? Pensar no aborto, no Brasil, é inevitavelmente pensar em classe, raça e
Quem define o que não vive, apaga o que não entende. Este texto não é sobre uma pessoa específica, nem se propõe a julgar comportamentos individuais com base em acertos ou erros pontuais. É, antes, um convite a pensar e repensar certas dinâmicas em nível macro a partir de uma situação concreta e localizada. Dias atrás, me enviaram o link de um comentário sobre um filme que vem ganhando certa proje