Alien: Romulus (2024)

 

A Franquia Alien é uma das mais icônicas, influentes e bem-sucedidas dos gêneros terror e ficção científica, algo amplamente reconhecido. Desde que Ridley Scott lançou Alien: O Oitavo Passageiro em 1979, explorando temas como sobrevivência, a luta entre humanos e extraterrestres, além de discussões sobre robótica e inteligência artificial, esse universo se expandiu e continuou a cativar fãs ao longo dos anos, apesar de alguns percalços no caminho.

Em 2022 foi anunciado um novo capítulo dessa saga, precisamente o sétimo, Alien: Romulus, dirigido por Fede Alvarez conhecido pela comunidade do horror pelos filmes A Morte do Demônio (2013) e O Homem nas Trevas (2016). Lógico que, como toda tentativa de reviver uma franquia que já vinha cambaleando, o anúncio do novo filme foi visto com desconfiança e descrença por parte dos fãs. No entanto, Alvarez constrói algo perto do que foram os incríveis Alien de 79 e Aliens de 1986, inclusive com Scott na produção, o que possivelmente assegurou alguma continuidade da série. Uma carta de amor de quem realmente ama a franquia e quis salvá-la. Sua visão única e a influência de subgêneros do terror estão presentes, respeitando a tradição e, ao mesmo tempo, expandindo o universo em um filme visualmente impressionante e corajoso, embora esse ato de coragem possa desagradar alguns fãs.

No centro dessa história, Cailee Spaeny como Rain Carradine e David Jonsson como Andy, o humano sintético que tem como propósito inicial defender Rain até ser reconfigurado mais na frente da história. Eles se juntam a um grupo de jovens colonos espaciais que estão em busca de uma missão em uma antiga nave. É praticamente uma missão suicida, mas eles contam com a inteligência e habilidade de Andy para concluí-la. O problema, sempre há um problema em filmes de terror, é que enquanto vasculham a estação espacial abandonada, dão de cara com formas de vida das mais aterrorizantes e velhas conhecidas como algumas dezenas de Facehugger e sim, eles, os Xenomorfos que também estão de volta com o icônico design criado pelo artista suíço H.R. Giger! Lindos, viscosos, orgânicos, mecânicos, implacáveis, sanguinolentos e ácidos. Que saudade! É nesse ambiente, em pleno espaço, que esse pequeno grupo tem que lutar para sobreviver e completar a missão. Um dos pontos positivos, para mim, é o foco nesse elenco menor e no cenário intimista que acaba ampliando mais a atmosfera claustrofóbica e jogando tensão a cada avanço da trama. Nisso, o filme de Alvarez se aproxima demais com o original da franquia, só que com um tom mais sombrio e violento. Com nuances de slasher, não dá nem para se apegar a personagens, gosto disso. As mortes estão longe de serem qualquer coisa, são criativas e inteligentes assim como as soluções dos personagens para se livrar de algumas situações.

Cailee é uma atriz que vem ganhando bem seu espaço e uma forte candidata a entrar para o hall das grandes Final Girls. Gosto dela em Guerra Civil de Alex Garland, apesar de não curtir tanto o filme. Mas me chama atenção nela os contrastes de uma atriz aparentemente frágil interpretando personagens gigantes. Aqui ela é Rain, uma jovem que, como tantos outros naquela realidade, já sofreu grandes perdas, mas segue leal aos seus princípios, sonhos, esperanças e a Andy, o androide a quem chama de irmão. A dinâmica entre os dois é interessante, são os mais desenvolvidos da trama e talvez por conta dessa dinâmica, nos conecte rapidamente com eles. Há cuidado, há proteção de ambas as partes, há tensão, mas também há humor com as piadas programadas e ácidas de Andy. Os androides da Franquia Alien são projetados para se parecerem e se comportarem como humanos, mas com habilidades e características aprimoradas respeitando sempre as três leis da robótica. Eles desempenham papéis importantes ao longo da saga e são frequentemente envolvidos em temas de lealdade, consciência, e os limites entre ética, humanidade e artificialidade. Não muito difícil, podem até exercer o papel de antagonistas a depender de suas programações primárias levantando questões, inclusive, sobre o que de fato significa ser verdadeiramente humano. Vimos isso em Ash (Ian Holm) no Alien de 79, onde a revelação de sua traição acaba se tornando um dos momentos mais chocantes do filme. Ele tinha uma missão a cumprir, mesmo que isso custasse a vida da tripulação da Nostromo. Já Bishop (Lance Henriksen) é mais simpático e leal aos humanos, mostrando que nem todos os androides são perigosos.

É na mistura de Alien: O Oitavo Passageiro, Aliens: O Resgate e o game Alien: Isolation que Alvarez se apega e cria seu próprio caminho entregando um filme que flutua entre um sombrio slasher espacial e um thriller de ação oitentista, onde o resultado acaba por ser uma produção verdadeiramente assustadora, intensa, com ótimas sequências de ação e que, não vou negar, me deixaram deveras nervosa. O conjunto da obra é quase perfeito, uma queda de ritmo aqui e ali, mas, nada que desabone o todo por completo. Some a tudo isso a trilha sonora de Benjamin Wallfisch que acaba por deixar tudo mais sinistro, funesto e pessimista. 

Alien: Romulus muito provavelmente irá deixar muita gente feliz, mas talvez irrite um tanto de gente com uma decisão de reviver tecnologicamente um personagem icônico daquele primeiro filme. Particularmente gostei e além de corajoso para a trama, tem sua importância na busca de entender o papel de Andy e sua relação com Rain. É um filme que retorna de forma bem satisfatória a Franquia Alien original recuperando não só o terror sangrento esquecido pelas sequências, mas também o comentário social sobre exploração de trabalho e de como grandes empresas corporativistas são as verdadeiras vilãs nessa história. 

EDIT: Dito tudo isto, o Alien de Fede Alvarez já pode ser chamado de "não prometeus, porém cumprius?". Fica aí o questionamento.

Disponível nos cinemas a partir do dia 15 de agosto.

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