Aurora: uma experiência transformadora de curadoria

Foto: Janaina Lacerda

Volto aqui hoje não para escrever uma critica, ou resenha, ou soltar uma lista, hoje quero deixar algumas palavras sobre a grande e enriquecedora experiência que foi fazer parte da curadoria do Aurora – primeiro festival de cinema fantástico e de horror da Paraíba. Digo que foi mais do que um convite para trabalhar com filmes. Foi uma vivência de troca e aprendizado, uma oportunidade rara de estar com duas figuras cujas trajetórias de referência e olhares enriqueceram cada etapa do processo: Beatriz Saldanha e Petter Baiestorf. Petter, além de curador, foi um dos idealizadores do projeto ao lado de Janaína Lacerda, o que trouxe uma camada ainda mais especial ao trabalho.  

Desde o início, desde o dia que recebi o email com o convite e as trocas com Jana e Taís para alinhar tudo, houve uma mistura de ansiedade e entusiasmo. Era a primeira vez que eu participava de uma curadoria que nascia do zero, sem referências prévias de gêneros moldantes. As reuniões iniciais foram fundamentais para dar forma às ideias, ainda dispersas e alinhar nossos objetivos. Aos poucos, ficou claro que queríamos construir algo que refletisse não apenas a riqueza do horror e do cinema fantástico, mas algo que abarcasse um panorama do que o cinema fantástico brasileiro das diversas regiões estavam produzindo.  

O processo foi especialmente marcante pela diversidade de perspectivas. Petter, como realizador independente e mente inquieta, trouxe a intensidade de quem vive o horror de forma visceral, desafiando padrões e explorando narrativas marginais. Beatriz, com seu olhar crítico e sua pesquisa dedicada ao papel das mulheres no cinema fantástico mundial e brasileiro, ampliou nossos horizontes, abrindo espaço para obras que desafiam convenções e reforçam a importância de representações plurais. Essa combinação de vivências tornou cada decisão mais rica e significativa, mesmo que houvesse algumas divergências, tudo acabou se encaixando e se entendendo. 

Foto: Nila

A seleção de filmes foi construída com cuidado, pensando em temas, abordagens e estéticas que dialogassem entre si. Mais do que simplesmente agrupar obras em categorizações de gênero, buscamos criar sessões que provocassem o público, com títulos que fossem além da descrição e instigasse questionamentos. O resultado final, acredito, foi uma programação que conseguiu equilibrar o inusitado, o desafiador e o reflexivo, traduzindo o espírito do festival.  

O aprendizado que levo dessa experiência é imenso. Trabalhar em colaboração foi um exercício de escuta e troca constante, um processo que não só ampliou minha visão sobre o horror e o cinema fantástico, mas também me deixou com uma sensação de realização e gratidão. Agora, o que fica é a saudade dessa vivência intensa, das pessoas que conheci em João Pessoa e o desejo de poder repetir, em algum momento, essa jornada única de criação coletiva. Vida longa ao Aurora e vida longa ao cinema fantástico! 

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